24.11.11

Elas


Em profusão, chegam de manhã cedo, esfiapam-se por entre as tantas horas, marulhando segredos, enquanto as repito até que, exangues, me deixam a mente vaga, menos nodosa dos movimentos que, amontoadas, fizeram em revolteios. Depois, sucumbem, satisfeitas, lânguidas, caindo de mim abaixo como cabelos meus já mortos e soltos na brisa, ainda mornos, penas de pássaro que marcam os meus caminhos de seiva e genética. São elas o fim e o mesmo princípio de tudo, porque tudo se arredonda, circular, em ouroboro, o si na busca de si mesmo. Diáfanas, sorriem, descendo de mim, zombeteiras, por me terem sugado energias, de tanto pensar nelas: mesa mesa mesa mesa mesa mesa, subida subida subida, alto alto. Nenhuma, garanto-lhes, é mais importante. Todas me enchem do som do chocolate preto bombeado do palato aos dentes, da língua aos lábios que dizem ao cérebro que é mesmo aquilo, 60 a 80% cacau. Cacau. Cacau. Cacau. Amargor. Exotismo. Longe, muito longe daqui. Bom dia, palavras.


1 comentário:

Anónimo disse...

Olá!

Apesar de eu não respeitar o acordo em questão, achei este artigo interessantíssimo e aqui lho deixo, embora fora de contexto.
Sabendo o que pensa sobre isto, gostaria de apreciar uma resposta sua, certo do brilhantismo que constitui a sua marca.

Cumprimentos

José