9.6.08

Declaração de IntenSão*

Cada vez menos me sinto das poucas pessoas que, neste simulacro de país, esperam uma retumbante derrota no maldito Euro. Essa espécie de circo que me enche a vista de vermelho e verde a ponto de já quase odiar as cores nacionais, é tóxica e ocupa demasiado tempo de demasiadas vidas. Dixit.
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* IntenSão:
Intensidade. Aumento de tensão. Fenómeno de cicatrização duma ferida. Preparação dos órgãos da fala para a pronúncia de um fonema.

11 comentários:

Anónimo disse...

Mais um. Esta euforia está a actuar como fenómeno alienante e desviante do que realmente interessa. Uma palavra de compreensão pelo entusiasmo dos nossos emigrantes, cujas força telúrica das suas raízes lhes apaga os ressentimentos da pátria madrasta que os empurrou para a diáspora.
Z

IVA disse...

Olá, "Z".

"Mais um" quê? Blog revoltado com a intoxicação? Se ñ conhecia o Azimutes, saiba, caro Z, que ele "jácaianda" desde 2003 e, há 4 anos, foi dos que ODIARAM cada momento do Euro. Eu cheguei a ver ambulâncias presas no trânsito porque hordas de imbecis tinham saído à rua para agitar bandeiras e dar que fazer às quantidades de álcool da noitada, crianças sentadas em janelas de carros a alta velocidade, lixeiras em todas as ruas, etc... Que hei-de dizer? A desordem repugna-me. Quanto aos emigrantes, parece-me este espaço reduzido para me referir à "diáspora". Adorar a bandeira é aquilo que vejo na tv? Prestar vassalagem ao imbecilóide do Cristiano? Saber-se tudo sobre as actividades de meia dúzia (o que comem, onde dormem, com quem dormem, o que deglutem, as cores das sanitas, se têm ou não pé-de-atleta, etc.) quando os velhos que construiram o meu país morrem à fome em bancos de jardim, sem dinheiro para medicamentos, tendo de estender a mão à caridade? Ora... urtigas!!!
Toda esta alarvidade é muuuuito discutível. Só lhe digo que se fosse suíça, arranjaria forma de ter férias, para fugir do caos a sete pés, até tudo voltar à forma, à limpeza, ao silêncio, à civilidade. As multidões não costumam ser edificantes. A mim, fazem-me urticária.
De resto, há 4 anos, o traidor Barroso tinha abandonado o país. Agora, pavoneia-se pela U.E. e oiço idiotas proporem-no para... um Nobel! Um homem que assinou pela guerra, um vendido!
Nessa fase, também o povo, com a sua "força telúrica" abandonou as suas responsabilidades.
Mas ok, tenho de admitir 2 coisinhas:
a) ODEIO futebol e tudo o que ele envolve (negócio sujo, sem apelo);
b) GOSTO de silêncio, de civismo, de ver gente com livros e tudo o que seja excesso, gritaria, histeria se reporta a tempos bárbaros (palavroada, distracção do essencial, um completo vazio)...

Enfim. Chame-lhe o que quiser. A mim, todo este patriotismo serôdio me envergonha. Profundamente.

De qq forma, obrigada pelo comentário. Daqui a uns dias, voltarei a gostar de ser portuguesa.

Beijos para si e... perdoe-me o azedume, sim?
:o)

I.A.

Anónimo disse...

I.A., naturalmente partilho a sua indignação e, quando referi "mais um" pensei que ficaria subentendido que era mais um a juntar-se à sua indignação. Mas, deixe-me insistir, o fenómeno da diáspora que, empurrando-os para terra estranha como única forma de lhes garantir a satisfação de necessidades básicas, condição mínima para fazer a qualquer pessoa considerações de índole moral, ou cívica, é tão complexo, que dificilmente se compreende o entusiasmo, o amor e o fanatismo tão exuberantemente manifestados, ao ponto de afrontarem quem lhes deu guarida. Daí, numa análise simplista, ter aludido a eventuais raízes telúricas, as mesmas que os trazem de volta em todas as férias aos seus locais de origem, como se o ar do seu berço fosse indispensável à sua própria revificação.
No primeiro comentário assinei Z e esqueci-me do é. Desculpe.
Bjs.

Anónimo disse...

Melhor que futebol, só dormir com um poster do Tarantino!

fado alexandrino. disse...

Normalmente quem odeia o futebol e os futebolistas sofre de um complexo, é o complexo da inveja.
Da fama e do dinheiro que eles gatunos ganham e têm.
Ainda por cima são burros e não lêem os livros que os intelectuais recomendam.
Não tem importância.
A inveja faz parte do código genético tuga.

Anónimo disse...

quando o primeiro comentário diz "mais um" é a solidarizar-se consigo... veja lá se o interpreta melhor e não se exalte

Cosmo disse...

Obrigado por me fazeres sentir acompanhado.

A despropósito: o Aurélio confirma:
intensão
[Do lat. intensione.]
Substantivo feminino.
1.Veemência, intensidade.
2.Aumento de tensão.
3.E. Ling. V. articulação (5).
4.Lóg. V. compreensão (3). [Cf. intenção.]

Anónimo disse...

«Cada vez menos» ou «cada vez mais» ??

Anónimo disse...

Boa tarde,

"...patriotismo serôdio..."

E eu a pensar que já não encontrava uma definição perfeita para esta gente.

Obrigado Inês.

Anónimo disse...

Finalmente! Alguém que concorda comigo!
Também eu estou fartinha desta malta, da selecção, do Scolari, do Ronaldo e dos demais!
A preocupação nacional é se a equipa vai ficar prejudicada pelo facto do treinador ir sair!

*É a primeira vez que visitei este blogue. Gostei

Anónimo disse...

Licencinha.
Eu cá gosto de futebol.
Now, shoot me.
Quanto ao "simulacro de país", absolutamente de acordo.
Não sei o que será mais tóxico: se o circo do futebol, cheio de povinho e de tintol marado, se os cagões que exibem o seu "desprezo" por ambas as coisas (bola e circo, povinho e tintol). Em todos os sentidos, o pessoal que vai à bola e quem não vai à bola com esse pessoal, todos têm as mesmas características de grupo, identidade, fé, seita; com a ligeira diferença de que uns armam um bocadinho menos aos cucos do que os outros.