A minha mão que desce
e te encontra os cabelos
de muitas cores.
Os teus olhos fundos
procuram nestes meus
as palavras da força adulta.
A tua voz,
ora de riso, ora húmida do choro
que me pede respostas.
Nada sei que possa ensinar-te
e não se chame verdade dorida.
Nada há nestas minhas mãos
que traga às tuas calor no Inverno.
Tudo o que sei
é da variedade dos teus rostos:
és tanta gente, tanto tempo, tantos lugares.
Continuas a interrogar-me,
o vinco ao centro da testa,
as feições que te leio
quando te ensino a entender o Mundo.
E perdes o pai,
e perdes a fé,
e perdes o ano.
Mais uma vez, perco-te.
Perco-me de ti,
ignoro por que caminhos farás o teu percurso.
És tanta gente.
Eu, uma só,
despeço-me de ti há meses,
decoro-te o rosto,
gravo-te a voz.
Abençoo-te.
Nunca saberás as marcas que em mim deixas.
És mil e quinhentas: um povo inteiro!
Recordarás um dia que partilhámos a mesma casa?
Faz boa estrada, pequeno, miúda, amigo menor, irmã fiel:
ainda estarei por cá quando os teus filhos
ocupem às mesas das minhas salas
o lugar que te pertenceu
e me fez para sempre
a tua mãe segunda.
O ano termina...
Boas férias, povo pequenino!
:(
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