9.6.06

Varia

. As alimárias de certo inenarrável programa de tv - com o ferrete da óbvia cor política - convidam público a assistir aos seus deprimentes conteúdos no sentido de ser descoberto o mais condescendente e permissivo espectador de televisão europeu. Assistirá um provedor.
Ok... Mas só se nos deixarem atirar objectos contundentes e/ou gordurosos de mascarra indelével com mau cheiro incluído que andamos, obviamente, a inventar em laboratórios credenciados. O país lucraria com essa alternativa ao paintball e poderia voltar a excelsa tv nacional aos treinos do povo para os novos acessos de depressão inerentes à futebolada, à iminência de bancarrota e aos golpes de Estado. Sugere-se - durante os bombardeamentos - o uso de bandeiras de fabrico exclusivamente japonês como forma de boicote que inspire os mais sinofóbicos. Assistirão todos os elementos de extrema-direita que se inscrevam e ostentem coifas brancas de rendas de bilros alusivas à padeira de Aljubarrota. Em alternativa, poderão ser usadas toucas de banho com a respectiva suástica a tinta permanente, acompanhados de aventais com os dizeres «Pão, só com farinhas refinadas. Abaixo os produtos integrais e a miscigenação!» Haverá autocarros disponíveis no Campo das Cebolas para os estúdios da tv com o patrocínio de uma desconhecida marca de absinto. Serão ainda distribuídos balões para medição da capacidade de lançamento de projécteis. Vencerá aquele que conseguir provocar amnésia-de-longo-tempo no apresentador de chapéu cocó e cara de molusco fora de prazo.
. Num outro importantíssimo media de divulgação dos melhores amigos, uma velhinha com tendências para imitar peixes abissais e muita lábia para graxa insiste em plagiar frases que nunca antes foram vistas a não ser aqui na casa do farol. Como sabemos de fonte segura ser aquele um ser vivo com graves problemas pessoais (ignoramos de que foro mas começamos a ter umas ideias), sugerimos que volte a fingir parâmetros elevados, uma vez que o pézinho anda a fugir para o chinelo, ultimamente. Plagiar frases desta nossa casa deve ser uma tremenda despromoção para uma rainha de escola de songa. Há que voltar aos castigos corporais aplicados aos que deveriam dar exemplos de urbanidade aos mais novos: comece-se com dez abluções de aguarrás antes de cada beija-mão. Se não juízo, os lobos-ómega deveriam ter a noção das conveniências e mostrar o recato que se espera de profissionais da hidrocefalia assistida. Outra prática punível é a plasmação de lugares-comuns e o aplauso compulsivo de agarrados a esse hino de Whitney Houston que foi "The Greatest Love of All (is to love yourself)".
. Chegaram à nossa redacção dois avis de recherche: num deles, procura-se empresário interessado em treinar piromaníacos para um mais efectivo ataque ao que reste das florestas. Pretende-se assinar protocolos - a especialidade da Nação - com vista à contratação de cuspidores de fogo, pilotos munidos de lança-chamas e animais amestrados que saltem pela floresta levando no dorso todos os incendiários que, tendo sido capturados e confessado as suas tentativas, não tenham conseguido provar uma efectiva destruição da área verde dos seus distritos. Nesse âmbito, têm sido libertados os mais afoitos em afirmar que queimaram tudo o que havia, mas pelo total desrespeito para com as normas anuais que visam dar ao país um ar mais high-tech - negro, portanto, de acordo com o plano tecnológico de choque -, todos os que tentaram e falharam serão entregues ao fogo de má qualidade que tenham iniciado. Nenhum animal será ferido durante a execução das tarefas supracitadas, uma vez que serão usados todos os meios aéreos que possam preservar os habitats do gato gambuzino ibérico. O outro avis de recherche faz referência à busca de empresário que mostre interesse em distribuir réplicas do espelho da rainha-má. Num país de máculas, contribuirá para a ato-estima dos fazedores-de- amigos-profissionais um treino diário frente a um espelho que lhes repetirá até à exaustão que acordaram com aspecto sofrível mas que terão de cuidar do mau hálito matinal e das rugas na consciência de crime fraudulento. Esta actividade cinegética seria praticada conjuntamente com a cassete contendo gravação dos aplausos intermináveis dos programas catarinofurtadianos, com vista ao incremento no crescimento das unhas e da noção da realidade. O kit terá ainda 20 babetes descartáveis com a efígie do homem a quem chamaram emplastro, aquele que acorda sempre com a mesma expressão de Robert de Niro em Raging Bull após o 1º gancho de esquerda, embora se espere que uma fogosa blogger da comunidade das Lavadeiras de Caneças & dos Noivos da Malveira exija a postagem da sua fácies em todo o merchandising da linha que agora se divulga por não lhe caber a auto-estima nos dois globos oculares.
. Divulga-se finalmente um apelo que indica ficarem adictos a imposições de insígnias todos os que, neste 10 de Junho, oiçam mais do que 183 vezes, a palavra-tabu "mundial" e simultaneamente odeiem futebol, tenham alergia ao cetim made in China e admirem figuras públicas que, nada tendo feito de préstimo, se arriscam a levar para casa uma comenda que garanta aos descendentes vidas desafogadas durante três gerações. Os sintomas mais graves destes devoradores de cerimónias oficiais do dia da Raça serão: a tendência para falar com o balanço do D. Maria II, um brilhozinho febril nos olhos e a súbita necessidade de distribuir todo o valor da comenda pela compra de canadairs, helicópteros e açaimes electrónicos sexualmente incapacitantes para todos os violadores do casapiano affaire.
. A D. Prudência dos Aflitos, mais conhecida por Dona Rosa, pede para os que acreditem que chegou a sua filha que se façam identificar por uma falsa verruga na omoplata esquerda e cabelos tingidos de rubriverde com cucuruto doirado sobre o lugar da kipah. Aos relapsos, recorda a frase desse relativamente retumbante sucesso que foi Allô, Allô: «Dérráveizzzzófmakin'youtók...». Todo este cifrado, prova documental dos hábitos dos Largoratianos se deve ao facto de haver "pénétráiss prófissiónáiss" nas marchas daquele pitoresco largo lisboeta. De espírito marcadamente sebastianista, esta messiânica mentora da marcha do Largo do Rato recorda que todos devem vir munidos de farnel e toalhetes descartáveis para o rescaldo da sardinhada. O mote da marcha será inspirado nos lusos-blogs: «Oh, sim sim, elogia-me que eu gosto (e retribuo)!» e na famigerada Ordem da Jarreteira, pelo que todos os marchantes deverão usar liga (faca incluída) cor de pimento assado. A marcha é a favorita dos habitantes do Largo e candidata-se ao desejado prémio: "A nós, ninguém nos bate!".
Aguardam-se novos (des)envolvimentos.

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