17.6.06

Blog(-nano-)galáxia

A maioria - anónimos que assim querem permanecer - passa por este micro-universo sem brilho notório. Outros, brilharam com ofuscante capacidade de escrita e frescura de ideias sem pendor ofensivo e foram aniquilados, por não se darem a lamber botas ou a sabujices de prostíbulo. Outros ainda - que na vida real nada são e cujos nomes ninguém reconheceria, mas também já se sabe tanto sobre os "talentos" de quem no país é elevado à categoria de estrela... - entram em esforçadas lutas como se esta "cruzada" viesse a dar-lhes mais do que cansaços. Vão fingindo simpatias, na ilusão da subida de degraus perante a supostamente geral opinião. Constam dos que, enfarinhados em aprodundadíssimos estudos, referem sempre os mesmos, o mofo, o costume, os instaladores de microships do "culto do eu", as reimosas lapas. Vai tudo dar ao mesmo escoadouro do elogio mútuo. Admirem-se, pois, que para o mundo real os bloggers sejam nada: são o retrato fiel, the spitting image, do país que mimetizam.
Preparando-me para um caloroso almoço em família em mais um pacífico e glorioso dia de chuva, volto à velha e sábia humildade. Recordo, além disso, o magnífico programa da 2 sobre David Mourão Ferreira. Um génio. Discreto. Sereno em todos os seus medos. Mais aciduladamente ridículas me parecem todos estas pulgas que saltitam de corpo em corpo, estes vampiros em busca de auto-estima que caracterizam os lusos blogs: seja(m) qual(quais) for(em) a(s) máscara(s), uns maltrapilhos da cultura, os que ficam de fora, os que - e alguém mais conhecedor não cessa de o dizer - serão, talvez, jornalistas frustrados. Alguns até já fingem que o são, à custa do costumeiro nepotismo, da fraude copiada da net, do vazio de opiniões ou criatividade digna de nota. A maioria não sabe o que é a beleza de um texto bem escrito, porque, mais uma vez, mente. O que é fingido tem cheiro: denuncia-se. Uns mais cuidadosos, outros mais vocabulário-de-carroceiro, tudo a mesma amálgama com mau hálito no espírito, a pista para o dente cariado que lhes é a massa encefálica. É o país. É a banalidade da cunha, o de sempre à escala do pequeno, pequenino, diminuto, iludido: são os inteligentes. É deles o mundo: que as digestões lhes sejam boas e lhes pese a terra, um dia, porque é abominável toda a hipocrisia. Pim!
Bom sábado.
Beijos a quem de direito.

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