22.2.06

I.Q., Q.I, whatever... : post fútil c/ brinde-private joke

As circunvoluções (saliências sinuosas do cérebro) que me calharam em sorte, principalmente a segunda c. esquerda - domínio da linguagem - parecem bem ginasticadas. Este mundo fascina-me.
Foi-me "diagnosticado" um Q.I. de 140. Pragmática sem excessos, discretamente vamp e excêntrica (sim, há excêntricos "discretos" por necessidades temporárias de imitação camaleónica até que surja a hora da revelação), gosto de confundir os outros com respostas rápidas e um chicoteante-corrosivo sentido de humor que gosto de ocultar neste blog, onde cultivo uma imagem de literario-depressiva que me diverte e creio produtiva (Ah, D., a produtividade da melancolia!).
Não aprofundei as ciências - que amo - mais do que o essencial, nem as filosofias, nem a literatura. Sobrevoei tudo. No meio em que me movo já estive entre os melhores. Relativamente às turmas, era considerada brilhante. A minha cultura desactualizou-se bastante, embora saiba quem foram e em que se destacaram outros seres humanos como Margaret Mead, Auguste Comte, Volta, Esculápio, Thomas Alva Edison, Magritte, Le Corbusier, etc., etc, etc., sendo, contudo, sofrível (um quase-desastre!) quanto à Geografia - azimutes mal traçados? - e às matemáticas (a inépcia de Truman Capote nesta área acalmou-me e, tal como ele, leio livros às avessas!).
Destaco-me pelo uso sinestésico das palavras e pelas perfeitas imitações dos pormenores, tiques, andares, modismos de linguagem dos outros (os alunos adoram essa faceta histriónica). Sorrio quando colegas mais novos me tomam - oh, infelizes! - por apagada, anti-social, sem opinião, depressiva, crítica sem motivos, rabuja, atropelável. Normalmente, um olhar a direito nos olhos mostra bem a fibra, o carácter forte que se traz sob a pele. Não levantando a voz, assusto com o tom incisivo de quem não se deixa asfixiar.
Espero a minha melhor hora: a sorte protege os audazes e, se a vida não se me encurtar, tenho audaciosos planos para os próximos vinte anos. Um dos mitos que me fascinam é o da Gata Borralheira (Cenicienta, Cendrillon, Cinderella) e aprecio a tenacidade de quem se ergue das cinzas. Sigo discretamente pelo mundo. Esperar não é cruzar os braços. Em carteira, a par com a óbvia timidez (odeio atitudes arrivistas de deslarados e cocottes-de-arrebita-saia-muita-parra-pouca-uva-ai o leito, ai o leito, eu sou o máximo no leito! Pois pois pois pois. Pois pois pois. Pois. Aham.) ... timidez, dizia, uma coragem que me faz corar (contrasenso?) e fascinar por "ter ousado".
Em celebração, amanhã saio com as botas altas de verniz preto, a saia drapeada preta pelo joelho,a blusa gola-mao de cetim preto e a enorme bolsa de tiracolo de forro rosa-choque. Ponho os longos brincos de pedrarias pretas, a longa écharpe vaporosa com brilhos discretos e inundada do meu perfume Happy da Clinique e um casaco pelo tornozelo, divertindo-me como uma Cruella De Ville cujo sorriso com covinhas de encanta-bebés a trai a toda a hora.
O privilégio do invulgar não é para todos os dias e merece, por isso, ser saboreado. Ter um Q.I. ... jeitoso ajuda-me a surpreender quem me julga apagada. Ponderada e senhoril, sou uma subversiva disfarçada que se diverte muito com o mundo previsível e sem brilho.
Só me chateia a Primavera: alergia à estupidez natural de umbigo-ao-léu. Já não há classe nenhuma... Caminho em Vitória de Samotrácia (tenho uns pés lindíssimos!)
Não entendo ainda porque se insiste em insultar o meu mundinho circunvolucionário...
140 não é para todas as caixas cranianas, convenhamos.
Só sou o que pareço quando eu quero... Como uma private eye sabendo mais do que aquilo que admite, não há expressão mais perfeita do que esta: low profiiiiile.
;0)
P.S. Prometo voltar a parecer deprimida e compostinha. Não é tão mais chique?

Sem comentários: