1.2.06

Anexim




A dose certa de doçura sabe-se quando do outro lado se abrem em leque sorrisos não arrancados a ferros. Talvez por ter lido cedo "O Nome da Rosa", sei de como os rostos se deformam no riso convulso. Rio com muito pouca coisa. A ser-me deformado o rosto, que seja por sumarento dichote ou olhares insubmissos ao comadrio da bienveillance. Por isso, o mais fundo riso - invariavelmente, o das crianças mais tímidas, parcas em sociabilidades - me ilumina o olhar. É como ter ido a Alcácer Quibir e ter regressado, prescindindo da mística nevoenta. Invariavelmente, ser a "simpática crónica", a que arranca rubores das mais sisudas maçãs de rosto, elevando óculos, desfiando rugas por onde quer que vá.

O rosto hermético é para os momentos de silêncio urgente. Fazer sorrir os outros com doçura aglomera-me luz. Estranhamente, tenho feito rir à gargalhada muita malta: rir comigo ou para mim, nunca de mim (o meu humor mais negro, o mais corrosivo, estraçalha qualquer kamikaze apostado em causar-me desmantelamentos de um ego sãozinho). Dizem-me divertidíssima! Sou-o sim, principalmente se o assunto me indigna. Os músculos faciais, mais do que os cabelos caprichosos, sempre se exprimiram muito bem. Nada disto invalida que saiba fazer sorrir os mais misantropos dos seres humanos: "Gioconda", dizem-me, piscando o olho.

Um anexim é um rifão, um dito sentencioso. De novo, o círculo: a súmula dos sorrisos que semeio nos rostos em volta é o meu melhor espelho. Resumo: devagar se vai ao longe e eu, eu quero ser eterna. Não é bom? Eu diria hmmm... proverbial!
Claro que 7% disto são pura literatura. Sobra-me um sorriso irresistível...

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