Copiosa, esta chuva torna tudo mais pacífico. Sempre que, nas cidades que rodeiam Azimutes, há previsão de "mau tempo", imagino prosopopeias de anjos que se divertem pelos semblantes azedos dos sulistas. Nas rádios, povoadas de uma mole humana de imbecis com medo das águas, há constantes lamentos se não há sol... Costumam, os acéfalos, considerar que o fim-de-semana estará "estragado" se a chuva vier... Na minha inocência albertocaeiriana costumo pensar que os dias de chuva serão, para sempre, o prenúncio maior de coisas boas. Isso, acrescido do facto de ser professora de adolescentes, faz-me dar graças por poder, neste quase fim de ano lectivo, sentir que as aulas ainda não são esplanadas, areais de praia, preliminares de leito que se quer privado. Suponho, além do mais, que os tais preservativos que querem distribuir gratuitamente pelas escolas - numa urgência de suposta salvação da saúde pública - ficarão adiados sine die nas mochilas, a par com os livros da mesma Filosofia cujo desaparecimento das mentes escolares já se aventou como hipótese e o snack achocolatado ou o pensinho de teor higienizante... Será a intenção rejuvenescer a velha, caduca Europa? Prevê-se aumento exponencial da estupidificação das massas, já de si parcas em intelecto. Por isso, a chuva os refresque a todos de rajada. Que os adultos presidindo à ordem, emanando baba e boçalidade desde a AR se refrescassem de ide(a)i(a)s, não era mau voto, agora que, não sendo já funcionários públicos, os professores deixarão de ter implícito nos contratos individuais de trabalho o dever de vassalagem ao rebotalho idiotizante do costume. Que venha, pois, a chuva e que o lismo das mais lodosas mentes se aclare, a caminho do mar, com os demais esgotos. Mal podemos esperar pela História...
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