25.6.08

Estes dias*

«Muito deliberadamente, Greenie podia dizer, ele deixou que o silêncio persistisse. Ele tinha sido treinado, ela sempre o achara, para usar o silêncio como os Velhos Mestres usavam o branco. A superfície de uma pérola, o raio de luz de uma janela, o brilho num cálice ou num punhal.» (p. 182)
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«A conversa na festa era densa e excêntrica, a conversa de amigos que não precisam dos tópicos vulgares do dia-a-dia.» (p. 311)
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«Durante muito tempo, Greenie tinha sido a única mulher para quem ele olhara tão de perto, a mulher que ele considerava a sua casa humana.» (p. 358)
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GLASS, Julia, Pelo Mundo Fora, Civilização Editora, 2008.
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Anódino, sem me ter acrescentado muito (passe a aparente arrogância), as traduções literais do costume mas sem erros de maior e, mais valia, sem tropeções no já detestável "português do Brasil" em publicações portuguesas, Pelo Mundo Fora enterneceu-me, por vezes, pela sua capacidade para não ver o mundo a preto e branco, mas não brilha. Narra, evolui a bom ritmo, não é previsível (detestável factor!), arranca teias de aranha em mentalidades mais passadistas - sem cair na psicologia tão norte-americana de filme familiar -, mas não tem sparkling, a tal centelha que me traga o brilho ao olhar. Por pura teimosia li as páginas finais. Sei que daqui a cinco anos não terei qualquer memória deste livro, apesar da estrondosa beleza da sua capa... E contudo, e contudo...
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* Agradeço os votos de melhoras com abraços calorosos e Graças a Deus por me sentir rodeada de tanta ternura. Bem-hajam! :0)

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