Creio ter ouvido recentemente que eram proibidos os brindes em guloseimas. Os meus sobrinhos comem, pelo menos uma vez por semana - e vivam as avós! -, aqueles ovos de chocolate Kinder tão anunciados na tv. Invariavelmente, há um qualquer boneco, uma espécie qualquer de mecanismo que obriga os adultos a uma olhadela ao minúsculo folheto de instruções. Dou por mim a observar aquela espécie de aliens de (cada vez mais) mau gosto, o hábito recente de a dita guloseima oferecer uns espécimes sem graça, sem humor, sem a mobilidade que, há escassos meses, era a característica de verdadeiros e divertidos mecanismos.
Não é pela falta de criatividade ou graça dos brindes que me exprimo, mas antes pelo descarado assédio aos pequenos consumidores e ao desperdício. Há um enorme desperdício de plástico, de tempo, de suposta boa vontade naqueles desengraçados seres. São invariavelmente abandonados, tal como os brindes da famosa marca de fast food. E, pior, são sempre repetidos, fazendo, agora, parte de “colecções”. A ideia de que aquilo constitui uma "surpresa" é mentira. Desperdício por desperdício, num país onde uma em cada três crianças já é considerada obesa, porquê o mecanismo extra de "compensação"? Um engodo no qual parecem cair muitos pais com pouco espírito de observação. As avós terão, também, a sua quota-parte de culpas no vício das crianças relativamente a compensações, embora as guloseimas tenham o seu papel e não sejam de desprezar num quotidiano onde a infância é cada vez mais curta. Aquela marca de chocolates, contudo, deveria ter uma chamada de atenção por parte de algum organismo de defesa dos pequenos e menos pequenos consumidores, além de que o vício da propagação-do-objecto-inútil-forçando-ao-consumo deveria ter também sanções previstas. Não haverá leis para isto?...
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2 comentários:
A ASAE anda noutra. A par de algumas acções necessárias incidindo na área da higiene, as suas preocupações vão mais para o ataque ao que, desde tempos imemoriais, fez parte dos usos e costumes das nossas gentes. Não há problema em empanturrar as criancinhas, mas usar colheres de pau, nem pensar! Gordinhos, diabéticos, mas assepciados...
Zé
Essas coisas já foram banidas nos USA (esses burros) em 1997, mas só em 2006 surgiram os primeiros sinais de incómodo na UE (esses espertos).
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