Lassos os dentes na boca, como lasso o cigarro pendurado sobre o lábio inferior, apenso à leve saliva ácida. Restolho quando fecha o maço, olhar semicerrado pelo exalar da primeira passa, este homem já se afastava há meses. Jura - como se ali aos pés lhe estivesse a sepultura materna, visitada ainda há horas - que não volta a este chão. Fuma pela última vez no país que o cuspiu fora: aqui, já não tem lugar e é esta história que renega. Sem olhar duas vezes sobre o ombro - apanágio de salinas estátuas que se recusará a ser - vai pecar para longe. Se viver é pecar, cairá em falta em lugares mais amenos, onde haja memória, onde abundem alimentos, onde não tenha de comprar casa ou carro para existir socialmente. Exsuda rancor e é neste lugar que o deixa: no aeroporto, o carimbo é a marca derradeira de por cá ter passado. Avia-se. Enjeita o hino, cospe o chão - por uma única vez na vida e com o sentido do asco puro -, ninguém saberá que existiu. O que não falta por aí é mundo...
16.5.08
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário