12.4.07

Tudo

«Gostava de ter assim músicas bonitas, só minhas, gravadas só para mim, as favoritas. Para quando viajo com o pai, sabes?, agora que já não temos nada a dizer um ao outro.»

Ela disse - uns cinquenta anos, sorrindo - ao filho de vinte anos, na mesa ao lado da minha, no restaurante que amo.


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«Tia, há quanto tempo me adoras? (...) E quando descobriste que me adoravas?»
A Inês, seis anos, na cozinha da vivenda, enquanto a ajudava com os tpc (um cozinhado de frases para Português) e encostava a cabeça ao meu ombro morno e ansioso da ternura da infância onde ainda vivo.
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«Não é contigo que vivo, mas é a ti que quero ardentemente. Todos os dias.»
Disse-lhe ele (quarenta e três anos) a ela (trinta e sete) e isso humedeceu-lhe corpo e boca toda a noite, disse ela esta manhã na sala de professores aos meus olhos arregalados, aquecendo-me a alma pelo seu desejo aceso de mulher com garras de cetim que se molha sem andar à chuva, mas com os seus próprios sonhos. Amo-te, amiga.
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De que cor é a minha aura?
Pergunto-lhe eu a si, meu leitor...

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