4.1.07

Estado (in)civil: feliz.

- Alguém ter dito em mais do que uma reunião de conselho de turma que a nossa é a aula preferida da criançada;
- Sairmos da quadra natalícia mais magrinhas do que entrámos;
- O mais belo espécime masculino no qual nos poisaram os olhos (Ai meu Deus, a tentação, o odor, os movimentos, as mãos quentes, os olhares de fogo daquele homem!) ter-nos escolhido de entre uma multidão de galináceos e, melhor ainda, sem que para tal - e respeitando uma velhinha convicção - tenhamos movido um cabelo, uma unha, uns olhos brandos e piedosos (quem somos nós afinal, hein (pá)? O lado Allumeuse que todas as mulheres têm esbraceja dentro do meu corpo formatado para o bom comportamento... Aiii);
- Termos de prender os cabelos e vestirmo-nos formalmente para que algumas pessoas não se ponham a olhar-nos descaradamente na rua (o meu pai diz que a família tem por hábito olhar a direito para os olhos dos outros, tentando ler-lhes a alma e que os outros vêem a nossa luz: guilty as charged!);
- "Certas e determinadas pessoas" (horrível expressão dos pleonásticos lisbonenses) oferecerem-nos gadjets e roupinhas interiores que teriam feito sorrir muito pouco a nossa mãe, mas nos dão a perfeita noção da perturbação causada na memória que nos interessa reavivar, enxamear, afoguear (segura-te, rapaz!);
- Termos poder de encaixe para levar a bom termo uma conversa com um alcoolizado num café sem perder a classe, o sorriso doce, estender-lhe a mão, ele tratar-nos por senhora-menina, elogiar-nos os pais: é incrível o que se aprende com as pequenas histórias que nos roçam os dias ( e Deus insiste em enviar-me sinais!);
- Os amigos que a vida de nós foi afastando (muito tempo, muito espaço) prezarem-nos como no primeiro momento!
- A nossa criatividade trazer-nos às pontas dos dedos histórias sistemáticas que nos apressamos a anotar e guardamos em gavetas com prazos de abertura bem calculados, exactamente como a nossa língua se acastanha de um delicioso chocolate preto que, amargoso e doce, se encaixa nos cinco sentidos a ponto de trazer ao corpo a reclinação dos rendidos e aos olhos o fechamento húmido do prazer.
Olá, 2007!
:0)

Sem comentários: