16.7.06

Testamento e/ou Declaração de Intenções

Admito:
o antipático e corrosivo mail enviado recentemente a um blogger era destinado às amigas que lhe fazem a corte "intelectual" . Como sei da partilha de mails e das candongas costumeiras da fina-flor, minimizei-me imenso, como faço sempre na presença de ofídios. É apenas a estratégia que me ensinou uma Matusalém sábia: enquanto encantamos a serpente, mantendo-lhe a atenção, poderemos exercer a prática ofiófaga. O outro lado subestima as nossas capacidades de auto-estima, intelecto, amor ao próximo por parecermos rudes; ganhamos o sossego do ostracismo a que nos votam, para que o ressurgimento que deixámos levedar tenha a discrição do que ofusca. Quando os outros se perdem demasiado fazendo do público devotos espelhos, é frequente a sobreavaliação das suas capacidades. Sem grandes rebuscamentos, eu sou mais inteligente: sempre gostei de ser eu a surpreender. A seu tempo, colherei os frutos, se deles for merecedora e só nesse caso. A vida tem sido infinitamente boa comigo e desperdiçar simpatia com a "rede" é muito típico de inseguros crónicos. Reconheça-se: há muita humildade na minha soberba. Creio que na segunda palavra reside o meu único defeito. De resto, mimar antipatia sempre me divertiu para desenjoo de uma vida hiperbolicamente feliz. O facto é que encanto mesmo sem querer: sou toda sorrisos para bebés, povo pequenino e algumas poucas almas iluminadas, desprovidas de mesquinhez. O resto é gente demasiado próxima da morte e da velhacaria para que me perca eu em ridículas seduções de culto. Seduzir é tããão desinteressante: tudo o que é fácil me provoca bocejos. Procuro o lado genuíno das pessoas. Não acredito nos amanteigados derretimentos da simpatia e do elogio mútuo: acredito na cordialidade genuína. Na franqueza. Acredito em tudo o que é franco, genuíno, unívoco, tal como a massa de que sou feita. A intuição nunca me enganou: nunca segui passadas alheias, por isso, sei muito bem para onde me dirijo. Nunca vim aqui para fazer amigos e quem se aproximou por bem está no meu coração como se está de boa-fé, coração aberto logo no primeiro mail trocado, mas precisei de largar lastro. Sei quem é válido, quem tem bom íntimo, boa índole e pesco à distância aquilo que mais abomino. Abomino toda a hipocrisia, prova máxima de cobardia. Cada persona, uma máscara. Admiro a força de carácter, os corajosos lobos solitários, os contemplativos, os que se bastam a si mesmos e nunca se aproximariam de outros com intuitos de vampirização de alma, de ideias, de vida privada. Descobri, neste meio, gente fabulosa que não nomearei. Os meus amigos são-no para sempre, incondicionais, de olhar resoluto, de essência espiritual logo ao primeiro olhar. É pelo brilho, é pelo cheiro, é pela direcção do olhar que afaga e corta, é pelo tom de voz, é pela afinidade no trato. Química. A maior parte dos bloggers que por vezes li são meros meteoritos no ciber-espaço. Alguns evidenciam cultura, mas não passam de ossadas em sepulcros profanados pela cobiça. Meteoritos, incendeiam-se na queda, meros fogos de vista, fátuos, poeira. De estrelas ou pensando serem estrelas, mas... poeira.
O que meu for a mim virá, se assim aprouver a Deus.

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