5.7.06

Enquanto

milhões se acotovelam no fútil entre uivos, sabes onde estarei: num piquenique de gaivotas que alimento, sento-me frente à prata do fim do dia, mesmo junto do farol, parte sombria. Debaixo do braço levo as Memórias de Adriano. Que as tuas memórias de hoje venham a ser as de um império onde para todos sobre alimento. Prefiro mover-me na área fosca e penumbrosa da dissolução. Não acredito em alegrias grupais. Essa era partiu para um degredo voluntário e repousa agora por entre as cinzas de quem gosto de pensar que fui. Indulgências.
Gasta-te, mas deixa algo de ti para quando eu chegue. Começarei algures por entre a mordedura sanguinolenta na tua boca e o afago dessas mãos que tens trazido frias. Espero um ramo de flores amarelas. Apareço-te descalça. Penteada, para a desorientação; fingindo mágoas para que devolvas à boca o movimento em barco subindo a vaga que é o do riso. Transforme-se a água em vinho e dançarei para ti, Yocanaan.

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