Gostava de ler jornais com, pelo menos, uma semana de morte. Mais perplexidade lhe causariam as reflexões daquelas centenas de inúteis que, em insana fuga à passagem das horas mais não fazem do que comentar (e que mal, as mais das vezes!) o trabalho de outros. E ria, perplexa, quando se ia apercebendo de que o morto nº 1, 2, 3 ou 4 (respectivamente) dizia tal ou tal coisa das ideias políticas, dos filmes, dos livros, das exposições de A, B, C ou D (também aqui respectivamente). Apercebia-se, então, de que há muitas formas de perder tempo. Acrescentava mais essa característica humana no seu caderno predilecto: o dos óbitos. Recortava os mais imbecis e arquivava-os: também tu morrerás um dia. Afastava-se, mais sorrindo do que devagar, pensando em como a vida é um lugar estranho.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário