28.2.06

Quienes es usted, A.M.?

Sei que li este blog há meses.
A imaginação diz-me que é um blog de mais um dos muitos alunos-Erasmus por toda essa Europa! Ainda sem ter lido muito do que foi publicado, gosto de pensar que é mais um blog do tipo de tantos que li por inteiro, tentando rever as experiências dos meus 22 anos, quando fui uma feliz aluna-Erasmus!
Ser aluno num outro país ensina tudo. Aprende-se de tudo, fazem-se amigos do mundo inteiro. Em França, conheci raparigas da Islândia com sorrisos inigualáveis pela simpatia; rapazes da Indonésia muito compenetrados nas aulas e uns ares matreiros dando-lhes uma pinta ainda mais infantil do que já tinham, com as suas pequenas estaturas; jovens dos Estados Unidos que se denunciavam pelo sotaque kél'hfórlnián e diziam "Le Frlomage" para as fotos, além de se apresentarem - pelas oito horas da manhã - com a respectiva latinha de Coke e faziam de tudo para chamar as atenções do mundo, tão infantis como adoráveis como incultos; irlandeses que chegavam ao pub já alcoolizados e celebravam com um comovedor afinco o Saint Patrick's Day, excelentes jogadores do seu "soccer" e de cuja claque fiz parte, com uma montanha de irlandesas que me faziam corar porque dançavam cancan para os jogadores e se lhes sentavam nos colos para a foto de grupo (caía-se com as gargalhadas, forma única de aquecer por entre o vento de neve), havendo um lindíssimo e enorme irlandês de cabelos vermelhos que, não inscrito na escola e sem plano de estudos, vegetava, dormindo com todas as raparigas do seu país à vez (elas diziam praticar caridade com o Ian...); fiz amizade com um grupo de raparigas e um simpático pouco-mais-que-miúdo belga, o Wimm e com os quais me diverti em coreografias num jogo dos Harlem Globetrotters; conheci um miúdo escocês - a nossa mascote, Malcolm, 17 anos - que sabia tudo sobre... golfe e dizia que as névoas do pays français eram os dias quentes na Escócia (!), pelo que vestia quase sempre t-shirt; um grupo de espanholas do País Basco lideradas por Lourdes e com uma garra inimaginável para o trabalho como para o divertimento; alemães que eram máquinas de trabalho e organização mas tinham também bolsas de estudo que lhes permitiam praticar todos os desportos radicais que imaginar se possa; conheci israelitas, polacos, suecos, um lindíssimo rapaz de Manchester que enlouquecia as miúdas com ousados convites e que, entre outras coisas, ia de calções para a neve (meu Deus, que peeeernas!) tentando constipar para escapar aos exames e dava, na biblioteca nomes como Monsieur Anchid Tallon, Monsieur Obélix, entre outras figuras de BD, o que fazia parar todas as leituras (até as dos velhinhos franceses que, ora meneavam a cabeça em censura, ora riam com prazer) para ver quem teria tal nome... A quantidade de pessoas que conheci... A maioria, estrangeiros, como eu.
Havia Guerra no Golfo e Mar'mout, um rapaz koweitiano passava agruras, chorando pela família... Todos temiam os árabes da cidade. Nunca os temi, apenas me causava curiosidade a sua cultura, por isso, ia perguntando tudo. Aprendi tanto sobre as diferenças culturais!
Mas tive tantas saudades de casa... Estudei tanto, meu Deus!
Aprende-se! Selecciona-se o útil e aprende-se com as menos acertadas escolhas.
Em França, dizia-se: «A juventude faz-se viajando». Que país aquele!
(...)
Quem é André Mendes? Provavelmente, se especularmos, um jovem do qual eu poderia ser mãe e com a mesma curiosidade pelas imagens, pelos lugares, pela cultura.
Quem é, afinal?... E isso importa? Este é um dos blogs onde aprendo e onde a retina se detém em belíssimas imagens. Blog sem comments, o que só lhe confere qualidade - como o meu voltará a ser logo que termine a experiência para uma teoria muito minha sobre o assunto -, sóbrio, sereno.
Não faço aqui links permanentes e a minha lista - para evitar acenos da liberdade condicionada que nem à soleira da porta quero - é independente. Quem sabe que lhe leio o blog, sabe que está na lista. Eis tudo.
Salvé, A.M.!
Na minha imaginação, será mais um colega nos bancos da escola, um companheiro de viagem com o belíssimo privilégio comum de ser aluno-Erasmus!
Vê? Fez-me recordar coisas belíssimas de há 15 anos (estou tão cota!)!

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