8.2.06

Misteriosos

De facto, o mistério fascina. Revejo-me no que diz AzC. Bailam-me na imaginação milhentas combinações possíveis para o par de olhos, as unhas, os tornozelos da bela desconhecida entrevista num dos palcos do mundo por onde passa o mundo em peso. Quanto mais denso for o mistério, mais prazenteira se torna a sideração. Afinidades, M.
This summer, my dearest, I'll mostly wear (já há mais de 2 anos que eu não usava aqui no blog esta frase-must da Brit'Com tão dita em família!) mon tchadorrrr et la tunisine sur mon pantalon blanc, je marcherai, pieds nus, décomposant les sables de cette côte bénie. La mer aura tous les bleus possibles, si on y croit très fort. On y marchera ensemble, un jour, même si ce n'est que de la phéerie? On ne le sait jamais... Toutes les deux, aura-t-on cette force des douées? Celle de savoir attendre tout ce qu'il vaut la peine d'être attendu. (Mon Dieu, ai-je bien compris? Vous êtes devenue... mémé? Mamie? Mais... si jeune? Quelle joie! Félicitations!)
Escrevia-se, por aqui, do mistério...
Por isso também, é bom saber que MM voltou. De onde?... E isso importa?... Importa que escreve sobre mundos próprios e que faz pensar. Há ali muito da "loucura boa" que atrai, um despojamento caminhando em círculos e adensando a espiral. Já presos no vórtice de clamores, enreda-nos em densa trama. Ali, criam-se universos tecidos com filamentos de teia. Há sobriedade no mais ténue dos nós. Vislumbram-se lugares oníricos. Gosto desta escrita que não desvela tudo. Espera-se sempre o próximo episódio... em suspenso...
Creio que em Portugal se peca quando se escreve sobre vidas em metrópoles, relações previsíveis, os autores embrenhando-se nos lugares-comuns dos sentimentos estafados, eivados de bolorento cinismo, diálogos paupérrimos e de acidez pretensiosa, numa candidatura a prova de parco talento, fórmulas gastas, a densidade do logro. Uma moda que MRP iniciou, diz-se. Mas, then again, se o objectivo é a venda, as massas costumam gostar de digestão fácil. Haverá milhares de livros doados a instituições e escorraçados das nossas estantes porque - se chegarem a ser comprados - sabe-se que não os daremos a ler a amigos, a alunos, a netos. Escreve-se mal, neste país. De alguns, dir-se-á "benzinho", o que, convenha-se, é a forma atenuada de apontar falta de brilho. Eufemiza-se de mais,eis o mal.
Um bom livro para estes dias? De Nicolas Michel, A Última Viagem de Émilie. Escorreito, imaginativo, descrições sem barroquice bacoca. A genialidade do simples. Um jovem escritor, alguns prémios conquistados. Simples e eficaz, como tudo o que é genuíno.
Beijos!

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