20.2.14

Be still my beating heart



Sting canta, aqui ao lado, a música indicada em epígrafe e eu não consigo impedir-me de pensar no post abaixo: se alguém inventa, em laboratório, peónias como a sufrutticosa no "meu azul", vou precisar de um bypass...

Entretanto, as árvores que me viram crescer balançam-se, como só elas sabem, numa brisa que acusa Primavera por mim indesejada e recordam-me dos reconfortantes movimentos em vórtice que já só as crianças sabem fazer. Quando em idades mais sadias, o "povo pequenino" faz aparentes parvoeiras que, saboreadas de olhos fechados, o instalam num Olimpo de tontura onde não há noção de ridículas rotulagens de "ridículo"... Perto dessa sensação, só a de fugir aos próprios cabelos que, levados pelo vento, são a nossa sombra no passado. Ao correr na direcção oposta, temos a mais perfeita sensação de liberdade, principalmente se não sabemos até onde nos durará o fôlego. O ar frio a espevitar o rosto provoca o riso, a canção que tenhamos na cabeça sabe a pedacinho de erva verde arrancado junto à água que corre e mordido no caule e nada, absolutamente nada nos olhará de olhos cinzentos para nos dizer que já não temos idade para essas coisas. 

Aos 44 anos faço o meu credo e o julgamento que ensina Manuel António Pina - perguntar à pessoa jovem que fomos -: fui fiel à pessoa que era, que sempre quis ser quando contava 20 anos? O sabor do verde na boca, a brisa das árvores no balanço do corpo, os cabelos ainda soltos no vento, sim, sou ainda a mesma. Portanto, be still my beating heart, que as análises de hoje ao sangue acusarão, por certo, "assuntos" só dos 40 anos. Por dentro, a criança em mim grita, de cabelos soltos na brisa, ao encontro de um bando de gaivotas na areia e nada, absolutamente nada disto tem nada que ver com "paixões" de qualquer tipo. Apenas percebi, mais uma vez, ao ver aquele sangue escorrer para um frasco, de que estou viva. 

Portanto, venham daí as peónias no "meu azul"!

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