6.7.12


Associo estes sabujos filhos duma grande mãe pária que querem escrever num Português abortado a que falsamente chamam "Acordo" a "portáteis" cobertos de imundície. 

Nestas reuniões finais reparo como, sob os reflexos solares, os computadores - que tantos colegas carregam como se ali levassem um diamantino estatuto social - estão cobertos de... esterco: dedadas de muitos meses, pingos de saliva perdigotados quando muitos deles gostam de se ouvir em português dúbio, submerso em calão e "tiques", crostas várias, uma poeira imensa... Sempre associei a falta de higiene a esparsos equilíbrio, abertura mental e, principalmente (...not least, claro!) a pouca clareza espiritual. Porque associei sempre as piores pessoas à sujidade? Porque assim me tem sido dado comprovar: quem é porco, é porco em tudo! 

Zumbe-me aqui, entre os (cumpre-me acreditar!) vários neurónios, uma certeza desde sempre: os abertos à novidade do costume são todos estes: com a adaptabilidade dos primatas que procuram apenas sobreviver, fica-lhes o discernimento tão raso que facilmente se entortam, enlameados, na senda dos muitos do mesmo lado, identificam-se demasiado cedo com o todo, o comum, a correria desenfreada para todos os lugares sem nunca se entregarem à chegada onde quer que seja... Avessos ao simples acto de pensar e sopesar o seu papel social, esquecem que os alunos aprendem com eles: a abrir uma porta sem que qualquer pé seja para aí chamado, a devolver uma cadeira ao lugar quando a usámos, se possível sem fingir que somos um dorido semi-deus carregando o mundo, a limpar as superfícies onde os milhões de bactérias acumuladas são uma prova civilizacional de falta de tudo. 

Antigamente, falava-se de "brio", dantes, quando tudo era importante e ninguém tinha de fingir pressa para fingir competência ou domínio... Agora, há demasiado de tudo: ruído, sujidade, objectos a mais, movimentos rítmicos de pernas que personificam como "inquietas", moedas que matraqueiam balcões, canetas que espetam mesas, despudor no verbo e no traje, dedos em riste a pessoas que apenas cruzaram a mesma estrada e não gostam de símios ao volante, vacuidade, insegurança, medições de força várias (neste domínio, as fêmeas dão cartas), medos... justamente quando se trabalhou tanto para que nada disso nos importunasse... Não é irónico?

A todos esses males, associados a governos de "elites" atamancadas e ignóbeis em quase tudo associo eu esta vaga desdesodorizada e populista, lulasilvista e dilmaroussefiana, socretina, passoscoelhana, cavaquista, soarista, santanalopiana et allii do "acordo ortográfico", que é uma mentira em duas palavras, de uma só vez. Porcaria, insanidade, pressa de conseguir chegar algures, mas sempre com meta cifroniana, uma espécie de etnia espacial que roça o bolbo raquidiano do homo neandertalensis... Mas... para onde caminha esta "civilização"?...

Tanta tecnologia e tanto retrocesso; tanto estatuto e tanto lixo; tanto futuro e tanta bestialidade... 

O português abortivo que por aí circula roça a insalubridade do esgoto a céu aberto, a indigência mental, a mendicidade civilizacional, o fim de tudo o que conheci e me foi dado amar de equilíbrio e rigor. Mas haverá alguém no seu perfeito juízo que ponha p'rái umas subversivas bombas de indignação rastilheira de "não-cumpros", que enfie uma simbólicas baionetas em meia dúzia de panças abonadas à estatal teta, que perceba que isto é o fim de um estado-nação, se é que este solo ainda lhe merece o nome? MAS QUE RAIO DE PÁ(T)RIA É ESTA?

Tanto portátil, tanto cromado, tanto pó compacto perfumado... e tanta imundície endógena e exoesquelética!... Terei de ver tanta gente lúcida continuar a escrever que, 500 anos depois, Portug(ra)al se submete ao "crioulo" do Brasil?... Haja higiene!

Sem comentários: