3.7.06

Nó górdio

Desculpe, como diz?...


Hum hum...
1º Duvido que a Ferro Rodrigues entenda uma boa parte do que ali se escreve;
2º Quem quer que queira entender os lusos-blogs e por ali comece (Miniscente) queimará, por certo, alguns fusíveis sinápticos, desistindo, inclusivamente, de acompanhar esta moda blogger, além de fugir a sete pés do que quer que se chame intelectualidade;
3º alguém me explique, por favor, o que quer dizer "blogosfera" (só pode ser calão, palavrinha mais feia, ...), prova crassa de falta de imaginação e mero decalque que algum desinteressante tradutor fez da língua do Tio Sam;
Last but not least, os meus respeitos a Luís Carmelo, que aparenta ser, na minha humilíssima opinião, digno de todo o respeito, mas dizer que o Miniscente analisa o fenómeno blog, é apenas isto: mentira. O que analisa deveria - cumprida a análise - clarificar e conter inovação e, naquele blog - e no que a "O tom dos blogues" diz respeito - estamos perante um futuro calhamaço absolutamente intragável de tão denso. Mas é legítimo. Que é legítimo é, tanto como o seja recoleccionar vénias aos supostos dignos de interesse. A mim, por exemplo, não me interessam e isso - abominar o rebanho - isso é tão legítimo como tudo o resto.
Gostaria de desfazer esse nó górdio, mas eu mesma, além de (como a maioria) não entender metade do que no Miniscente se escreve, sou absolutamente apologista do não-elogio aos inseguros que precisam da aprovação sistemática e primeva dos supostos ignorantes e, depois, dos deificantes sábios. O brilho tem muito pouco a ver com academismos ou name droppings (aqui, droppings, no seu duplo sentido, claro)...
Esclareço, perguntando: é academicamente legítimo usar como exemplo os que, por serem supostos opinion makers são candidatos à teia de aranha e ao mofo intelectual, i.é., os mesmos de sempre, tenham ou não tenham real mérito?
Tirando esta minha despretensiosa casa do farol que nunca quis séquito nem foi ao beija-mão, há tanta gente por aí a escrever realmente bem e que nunca fará nome porque não enviou cartão de visita aos cardeais...
Uma pena, esta tendência dos portugueses - intelectuais como todos os outros - para a falta de clarividência e a aposta no desbravar de terrenos. É tóxico, este pendor abúlico, ancilosante. Estagna, não sacode. Inquina, porque perde validade à medida que a frescura abandona o chamado fenómeno blog. Como? É simples: os jornalistas que antes atacavam a blogolândia como animais ferozes instrumentalizam agora a suposta liberdade que abocanham como quem há muito não prova alimento. Porquê? Porque descobriram novo filão e pouco falta para que "o resto" (todos os que por aqui circulam) tenha de começar a imprimir em jornais as opiniões mais díspares, aquelas que a suposta liberdade lhes outorga. Inversão de papéis do campo da ficção que demonstra a validade de um certo denegrir para reinar. O povo (nem sempre acerta, mas guia-se pelo "saber de experiência feito") diz que "Quem desdenha quer comprar". Que jornalista ficará agora indiferente ao fenómeno blog, quando por todo o lado se percebe o poder que aqui se agita, tão perto da mão, tão disponível?...
Posologia (ou t.p.c.): ler - ler mesmo e pelo menos - dois novos blogs por dia. Se possível, os de gente (ainda) sem nome e sem qualquer ligação a qualquer jornal, revista, pasquim digno de nota. Aí sim, está o fermento. O resto é massa deslaçada por tiques, vícios e... amizades. Tudo legítimo, claro, mas o incolor-acre-original nunca lambeu as botas ao previsível-cinzento-adocicado.
E que tal se os blogs deixassem de estar ao serviço dos egos dos cardeais e suas manteúdas, desfazendo o nó górdio das conveniências?
Era giro. Pois.

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