Foi hoje. Decidida, entrei na tal loja, à vista de magníficos arranjos de flores e plantas que arrancam sorrisos de ternura. Amanhã é o "Dia das Madrinhas" e sei que os meus afilhados (J. e I.) passarão para entregar-me lindíssimos ramos-miminho, suaves, pequenos, ternurentos. Depois, serei eu a retribuir com amêndoas, ovos de chocolate, uma prendinha especial, provavelmente algo de vestir, primaveril. Para ela, um vestido belíssimo da Pili Carrera em azuis-bebé e branco, barrinhas verticais e um laço acima da cintura (a Neck & Neck aposta demasiado nos vermelhos, este ano, está pouquíssimo cerimoniosa, pouco doce); para ele, terei ainda de pensar nesta semana. De que gosta um miúdo de 10 anos? Um blusão de primavera azul-marinho? Uma camisa de Verão e um pullover em azuis? Eu queria algo clássico, mas creio que ele dirá: "Uns ténis-último-grito, daqueles com rodinhas para deslizar!"... Verei. :0)
Na loja, perdi-me um pouco e decidi-me finalmente: comprei dez cactos minúsculos, cada qual no seu vasinho. Serão colocados ao centro da enorme base de vidro. Não resistiu muito tempo vazia, pois ainda ontem a comprei com este fito! E, maravilha (é agora que sei se de facto tenho "mão verde", talento para plantas além das três heras minúsculas da cozinha): comprei O Bonsai! É absolutamente perfeito, uma árvore graciosa, tronco forte, copa redonda, com laivos já de irregularidade, é como ter uma parte do Oriente cá em casa. Sedutora na simplicidade, na sua base de barro entre o azul-cobalto e os cinzas pontilhados de negro, discreta, algo tosca e rectangular, como é da tradição. Sobre a Zelkova (a minha é uma, eia!) terei de aprender muito ainda. É uma lindíssima planta de folhinhas luzidias e encontrei isto, aqui:
Os cactos, que sempre adorei - ficarão num dos lados da mesinha de centro; o bonsai, sobre uma das elegantes estantezinhas em bege, pontilhando de cor um ambiente que seleccionei para os tons de areia mais claros, apenas recortados pelas duas almofadas de seda em irisados matizes de grave azul-verde e leve bege-cinza, cada um dos tecidos recortados ao centro por barrinha que introduz os tons contrários. Agora, as plantas darão o toque de vida a um ambiente que já se ia tornando árido de vida. Já contei que vou ter dois Pardais de Java?
Ah ah ah, a natureza enlouquece(-me)!
Hoje de tarde, observava a árvore de lilazes que a minha mãe pôs no jardim há uns 16 anos: linda! Os cachos de flores começam a mostrar a cor que depois da Páscoa emoldurará a entrada do portão. Por entre os ramos, vi a lua recortada no lusco-fusco, avivando o verde-cinza dos líquenes deste Inverno. É bela esta sobreposição aveludada nos ramos finos e sobre o escuro. Fiquei a observar, como uma menina pequena que tenta perceber os sortilégios dos ciclos de vida, as minhas mãos tocando os líquenes e os musgos que o calor ainda não fez deslaçar. A humidade que as chuvas trouxeram ao jardim é ouro!
A minha vida atribulada faz-me afastar destas belezas, mas hoje redimi-me, enquanto apanhava frésias e jarros com a senhora-mão-verde-herself, nascida para criar um jardim. A minha mãe tem, entre os seus dons este de mimar as plantas como mima vizinhas que passem a caminho do trabalho com algumas das suas mais belas rosas, violetas, frésias, goivos, alecrim, lilazes, margaridas... Quem correu uma vida inteira e foi uma heroína - como muitas mulheres com mais de dois filhos e profissão - bem merece esta serenidade na reforma: a minha mãe merece o Céu!
As plantas fascinam-me. Não lendo todos os dias, vou perseguindo o que se aprende neste blog. Nesta fase da vida, o Dias Com Árvores é o meu blog de eleição!
Espero que as minhas plantinhas de interior (bem-vindas, amores meus!) sejam disso testemunho! Eia!
Isto quererá dizer que... eu afinal... até gosto da Primavera?... :P
:0)
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